terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Chorar com os que choram?

Relato que recebi hoje de uma amiga nossa, missionária em Florianópolis, e gostaria de compartilhar com vocês...

"DEUS COM SUAS MÃOS PREPAROU A TERRA

Em hospitais encontramos pessoas abertas para Jesus com muita frequência, mas também tem aqueles pacientes que ficam duros para qualquer mensagem do Senhor.
Naquele dia era o primeiro quarto a receber nossa visita. Olhei para o paciente e me apresentei, e ele de maneira rude falou:
- Já ouvi falar de ti. - Olhando dentro dos meus olhos, de forma grosseira - Não quero ouvir nada e não quero nenhuma oração, sai fora.
Levantou-se e saiu do quarto com passos firmes.
Naquela hora meus olhos encheram-se de lágrimas. E o paciente do lado disse:
- Bugra, tu realmente ama a gente, né!? Não liga pro cara, ele é grosso com todo mundo. Eu quero que tu ores comigo.
Enxuguei minhas lágrimas... a vontade era de ir embora e chorar muito, mas era hora de amar e perdoar. Assim começou naquele dia as visitas no Hospital Nereu Ramos, em Floripa.
Durante todo tempo, não esqueci o olhar daquele moço. Resolvi que brigaria para ele encontrar a paz de Cristo, não iria desistir dele.
Na outra semana, entrei em seu quarto, quando ele viu que era eu, se virou na cama, e mais uma vez não quis falar comigo. Orei com seu companheiro de quarto e li a Bíblia com aquele paciente ao seu lado.
Na outra semana voltei e antes dele "correr" comigo falei:
- Cara, na boa, sei que tu não tá a fim de oração, tudo bem, mas eu queria te dar um cartãozinho que os meus netos decoraram.
Ele abaixou os olhos para o chão e disse:
- Tudo bem! Coloca na minha gaveta.
E assim toda a vez que ia ao Hospital eu deixava um cartão na sua gaveta, isto aconteceu durante três meses. Quando abria a gaveta eu observava que ele não mexia nos cartões, mas já estava me cumprimentando, seu olhar já não estava tão duro, não virava o rosto pra mim. De alguma forma algo de bom entre nós estava acontecendo, estávamos ficando amigos.
As doenças oportunistas não davam trégua para aquele Jovem. Ficou meses internado, e eu nunca vi receber ninguém para visitá-lo. Aquilo entristecia meu coração.
Até que um dia, eu fui ao seu quarto como de costume, ele já estava bem mal, muito magro e abatido, normal dentro de um quadro avançado de AIDS. Ele então me falou:
- Bugra, cara, tu não desiste mesmo, né?
Eu olhei pra ele e respondi:
- Cara, Deus não desistiu de mim e nem de ninguém. Ele te ama.
Ele então disse algo tremendo:
- Bugra, eu li, todos os cartões que há meses tu põe na minha gaveta. Eu quero este Jesus. Eu estou morrendo e estou com medo, estou com medo de morrer e de viver.
Eu olhei para ele e percebi que Deus tinha feito de uma terra dura e árida, ficar fofinha e pronta para receber a semente da vida. Deus fez isto com suas próprias mãos! Ele naquela hora entregou sua vida a Jesus.
Ele já estava bem frágil, quando nos despedimos, ele disse:
- Bugra, acho que esta semana vou ir com o Pai, estou morrendo e indo para morar com Jesus.
Brinquei com ele e disse:
- Sem essa cara, espera mais uma semana.
Ele rindo respondeu:
- Cara, eu tô a fim de ir, te espero lá.
Oramos e fomos embora.
Na segunda-feira seguinte, o primeiro paciente a ser visitado foi ele. Quando cheguei, estavam limpando o quarto. Pensei que ele tivesse mudado de quarto e perguntei então para a enfermeira por ele. Ela disse:
- Bugra, ele foi a óbito.
Naquela tarde não visitei ninguém. Fui para minha casa chorar com Deus
."

E agora choro com ela também...

2 comentários:

  1. Inspiradora. Combinação perfeita de conforto emocinal e salvação espiritual. Lutando contra a injustiça do abandono e levando a mensagem de salvação...
    trabalho social em nome de Jesus. Valeu pelo post, Paula!

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